Mosteiro de São Bento de São Paulo
e Biblioteca Monástica
O Mosteiro de São Bento é um local histórico e religioso localizado no Largo de São Bento, no centro da cidade de São Paulo, no Brasil. O local é um conjunto da Basílica Abacial de Nossa Senhora da Assunção, do Colégio e Faculdade São Bento. Embora o atual complexo tenha sido reestruturado entre os anos de 1910 e 1912 a partir do projeto criado pelo arquiteto alemão Richard Berndl, o início da instalação e história do Mosteiro tem mais de 400 anos. A Basílica Abacial de Nossa Senhora da Assunção (elevada a esta dignidade em 14 de junho de 1922) possui o coro para o ofício divino em rito monástico rezado diariamente pelos monges e a missa em rito romano, ambos com canto gregoriano.
A história dos Beneditinos em São Paulo começa em 1598, quando Frei Mauro Teixeira, religioso paulista de São Vicente, levantou uma modesta igreja dedicada a São Bento. O terreno escolhido era dos melhores da povoação, localizando-se no alto do morro, entre os Rios Anhangabaú e Tamanduateí, onde antes havia estado a casa do cacique Tibiriça. A construção começou a ser levantada a partir de 1600, quando a Câmara Municipal validou a carta de Sesmaria, que concedia permissão do governo de Portugal para o uso da terra. A carta especificava que os terrenos seriam “para o convento, mosteiro, ou casa do dito santo, forros livres e isentos de todo tributo e pensão, de hoje até o fim do mundo”. O conjunto era inicialmente muito modesto, composto pela igrejinha velha e quatro celas.
Em 1641, o mosteiro foi palco importante do episódio histórico conhecido como Aclamação de Amador Bueno – ilustre proprietário de terras filho de pai espanhol e mãe portuguesa. Com o fim da União Ibérica, Don João, à época Duque de Bragança, foi coroado rei de Portugal. Em São Paulo, um grupo de colonos – em grande parte castelhanos – quis que a Capitania não reconhecesse o novo rei, e ofereceram o título de “Rei de São Paulo” a Amador Bueno. Este não somente Não quis aceitar a oferta como deu “Vivas” ao Rei de Portugal. Sua atitude gerou uma rebelião e ele necessitou refugiar-se no Mosteiro de São Bento para se proteger da fúria popular. Finalmente, com a ajuda dos monges, os ânimos se acalmaram e D. João foi reconhecido pelos paulistas como o novo rei de Portugal. Por esse ato, Amador Bueno deixou nome ilustre e recebeu carta de direta de D. João que lhe agradecia a lealdade.
BIBLIOTECA MONÁSTICA
O mosteiro abriga ainda uma Biblioteca Monástica com mais de 100 000 títulos, alguns extremamente raros. Considera-se que seja a mais antiga da cidade de São Paulo, e possivelmente a segunda mais antiga do Brasil, tendo seu início com os primeiros monges que chegaram em 1598.
(Foto acima: Monge Dom João Baptista e o escritor Henry Jenné no interior da Biblioteca Monástica)
O acervo contém 581 títulos publicados antes do século XIX, entre eles seis raros incunábulos, ou seja, datados do início da imprensa, antes do ano 1.500. O mais antigo é um Novo Testamento de 1496. Tem, ainda, uma curiosa coleção de manuscritos minúsculos, com menos de um centímetro de lombada, que contém uma passagem bíblica ou uma oração.
(Foto acima: interior da Biblioteca Monástica, cujo acesso é permitido somente a clausura)
O acesso ao acervo é restrito aos monges, mas pesquisadores e estudiosos podem solicitar uma permissão especial para consulta-los em uma antessala existente especificamente para este fim. Já o acesso ao interior da Biblioteca Monástica é restrita unicamente aos Monges de Clausura.